O bando de miúdos chega. Alguns com a ansiedade a morar-lhes nos olhos, outros com um ar de desafio, ou até uma falsa passividade arvorada. Fazem-se as apresentações, tomam-se mutuamente os pulsos. Meninos na sua maioria com altas expectativas relativamente à escola, delas ou dos pais. Difícil saber-se de que lado pesa mais a ansiedade. Grande percentagem de progenitores com formação académica acima da média: licenciados, mestres, doutorados…Crianças com sentido crítico desenvolvido, habituadas a manifestarem a sua opinião livremente, sem a regulação das regras de comunicação essenciais ao bom entendimento, clima e desenvolvimento de actividades. Começa a estabelecer-se a correspondência escola/ família, dando conta do ambiente na aula. As respostas canalizam a explicação para o desvario na criança que na turma se salienta pela diferenciação do nível social. As tentativas de descriminação da criança começam a ganhar corpo nos recados preocupados dos progenitores que, dando ouvidos às suas crias, se convencem ser aquela o elemento desestabilizador na sala. Vêm então pretextos baseados em odores reais ou imaginários, que só elas pressentem, abusivas distracções, atitudes desviantes, que só se manifestam ocasionalmente, e espoletadas pela necessidade de carinho e aceitação que os seus pares lhe negam. As hostilidades surgem da parte de quem, mais bafejado pela sorte, se sente com direito a fazer escolhas arbitrárias confortáveis e egoístas, mesmo que fazendo sangue à passagem, num local que se pretende ser palco privilegiado para facilitar e propiciar uma interactividade democrática sem clivagens sociais. O preconceito está na calha, prontinho para fazer vítimas. Não! Estão enganados! Os vossos meninos é que são os desestabilizadores! Como?!
Não fora a intervenção atenta e oportuna de quem é para isso mandatado, e teríamos mais uma criança perdida, revoltada, rebelde…
Sem comentários:
Enviar um comentário