"Todos os meus versos são um apaixonado desejo de ver claro mesmo nos labirintos da noite."
Eugénio de Andrade

terça-feira, 6 de julho de 2010

Aqui estou...















Caminham as tuas agitadas
Ondas de espuma
Na passadeira dos meus
Passos brancos
Que orgulhosamente
Ao longe se levantam…

Ouço a tua voz de areia
Cedendo sob os meus pés mais nítidos
À medida que me aproximo…

E eu continuo o prazer
Do sabor antecipado
Caminhando…

Detenho-me a uma certa distância…
Cai-me ajoelhado o saco de livros
Acabados de comprar
E também os meus se vergam…

Não resisto à paz que lentamente
Começa a invadir-me os sentidos…

Enterro as mãos de areia fina e quente
E deixo-a escapar-se-me
Por entre os dedos abertos
Expectantes de carícias…

Espraio o meu olhar
Pelas tuas águas
Da cor de papo de rola
Revoltas

Fecho os olhos,
E cheiro a tua música
Que se repete num vaivém
E vai crescendo e crescendo e mordendo
E chicoteando a areia

E já ecoa o bichanar rezado das beatas
E na areia de novo cresce em tropel
E se levanta e urra…
E nela se aninha extenuado…

Levanta-me os cabelos uma brisa suave
Beija-me o rosto salgado
O respingar sussurrado das tuas águas…

Abro os olhos …
E do fundo de mim,
A tranquila felicidade
De um murmúrio dança-me nos lábios:
“ Cheguei! Cheguei!”

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