
Caminham as tuas agitadas
Ondas de espuma
Na passadeira dos meus
Passos brancos
Que orgulhosamente
Ao longe se levantam…
Ouço a tua voz de areia
Cedendo sob os meus pés mais nítidos
À medida que me aproximo…
E eu continuo o prazer
Do sabor antecipado
Caminhando…
Detenho-me a uma certa distância…
Cai-me ajoelhado o saco de livros
Acabados de comprar
E também os meus se vergam…
Não resisto à paz que lentamente
Começa a invadir-me os sentidos…
Enterro as mãos de areia fina e quente
E deixo-a escapar-se-me
Por entre os dedos abertos
Expectantes de carícias…
Espraio o meu olhar
Pelas tuas águas
Da cor de papo de rola
Revoltas
Fecho os olhos,
E cheiro a tua música
Que se repete num vaivém
E vai crescendo e crescendo e mordendo
E chicoteando a areia
E já ecoa o bichanar rezado das beatas
E na areia de novo cresce em tropel
E se levanta e urra…
E nela se aninha extenuado…
Levanta-me os cabelos uma brisa suave
Beija-me o rosto salgado
O respingar sussurrado das tuas águas…
Abro os olhos …
E do fundo de mim,
A tranquila felicidade
De um murmúrio dança-me nos lábios:
“ Cheguei! Cheguei!”
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