E o outono vai avançando
Legando pelo caminho
Inefáveis traços da sua voragem
E descem tardes soturnas
Veladas de rendilhadas neblinas
Vergando-se à sua passagem
Ainda se acendem sóis
Porém,
De manhãs primaveris
De outrora
Nos olhos da minha mãe
E o outono vai tecendo
Nítida teia de seda
Onde já florescem douradas
Redondas pérolas de âmbar
Em sua tez delicadas.
Ainda rumorejam águas
Porém
Saltitando dos córregos
Da minha infância,
Nos olhos da minha mãe
E o outono vai tingindo
Seus cabelos de fios de prata
E em suas mãos de labor
Sobressaem já azuladas
Veias finas e diáfanas
Ainda cantam rouxinóis,
Porém,
Trinando nas tardes soalheiras
De então,
Nos olhos de minha mãe.
E o outono e a minha mãe
Em sintonia perfeita
Estreitam sua união.
Cobre-se de outono
A natureza
E treme o meu coração.
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