Hoje não me apetece escrever
Nem sair, nem sonhar, nem ler.
Estou encapotado em mim mesmo
Rosnando na minha lura
Fria, húmida, viscosa, escura.
A crescer dentro de mim o negrume
Imposto por minha imposta clausura.
Hoje sinto asco de ser.
De pertencer à mesma miserável
Raça humana que com desumanidade
Abaixo de animais
Arrosta as mulheres suas iguais
Não pode haver humanidade
Em quem isento de bravura
Vestido da mais chã vileza
Mulheres frágeis subjuga
A pretexto de sua ostensiva beleza
Cinco brutas feras…
Num execrando ataque bestial
De uma jovem a vida deceparam
A coberto de impunidade usual
Sua frágil intimidade retalharam
Que ninguém me diga para esquecer
Que ninguém me diga para perdoar e não ver…
Pertencer à raça humana me recuso
A partir de hoje dela não mais farei uso.
Vou partilhar a casota do meu cão
É nele que reconheço meu irmão.
Agradeço a sua amável visita e as lindas palavras que me deixou.
ResponderEliminarPercorri o seu Blogue, desde já, os meus parabéns, pelo bom gosto!
Este último poema é lindo, um pouco amargo, algum desespero mas encerra uma grande verdade.
Voltarei muitas vezes e espero ter o prazer da sua visita.
Muito Obrigada, Manuel! Realmente, o poema é amargo! Temos o direito de nos indignarmos, de nos amargurarmos, de nos exaltarmos, ou de sermos felizes, alegres, compassivos, exultantes...de acordo com as nossas vivências...estamos vivos, não é verdade?
EliminarEduardina,
ResponderEliminaré um poema muito intenso.
Um lamento da sociedade bruta.
Também tenho dias assim!
Abç